O que é inflação e como ela afeta seu bolso em 2025

Entenda o que é inflação, o IPCA acumulado de 5,53% em 12 meses e como a alta dos preços reduz seu poder de compra e impacta seus investimentos.

Carlos Eugênio

6/10/20255 min ler

O que é inflação?

A inflação é o aumento geral e contínuo dos preços de bens e serviços ao longo do tempo, resultando na perda do poder de compra do dinheiro. Em outras palavras, quando há inflação, cada real passa a valer menos, pois é necessário gastar mais para adquirir a mesma cesta de produtos que antes custava menos. O índice mais utilizado para medir a inflação oficial no Brasil é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado mensalmente pelo IBGE. Em abril de 2025, o IPCA registrou variação de 0,43%, e o acumulado em 12 meses chegou a 5,53% IBGEInvestidor10.

Principais causas da inflação

Embora existam diferentes fatores que podem pressionar os preços para cima, destacam-se três motivações principais:

  1. Aumento da demanda em relação à oferta
    Quando a procura por produtos e serviços cresce mais rápido que a capacidade de produção ou importação, vendedores tendem a elevar preços. Esse cenário costuma ocorrer em períodos de crescimento econômico acelerado ou quando há expansão de crédito facilitado.

  2. Elevação dos custos de produção
    Despesas maiores com insumos, energia, transporte ou mão de obra geralmente são repassadas ao consumidor final. Por exemplo, uma alta no preço do petróleo tende a elevar o custo da gasolina e, consequentemente, de transporte de mercadorias, impactando toda a cadeia de preços.

  3. Emissão excessiva de moeda sem lastro
    Quando o governo emite quantias muito superiores à expansão real da economia, há mais dinheiro circulando e, como resultado, o valor de cada unidade monetária se reduz. Isso pode ocorrer em situações de forte expansão fiscal sem cobertura por receitas ou produtividade.

Tipos de inflação

  • Inflação de demanda: ocorre quando o consumo geral cresce de forma acelerada, mas a oferta de bens e serviços não consegue acompanhar.

  • Inflação de custos: causada por aumento nos insumos, materiais ou mão de obra, forçando empresas a repassarem o acréscimo aos preços.

  • Inflação inercial: estabelecida por expectativas; quando a população espera que os preços continuem subindo, reajusta salários e contratos automaticamente, perpetuando o ciclo inflacionário.

Como a inflação afeta o seu bolso?

1. Perda do poder de compra

Quando o IPCA sobe, cada real compra menos do que antes. Por exemplo, se um produto custava R$ 100 em abril de 2024 e a inflação acumulada em 12 meses foi de 5,53%, esse mesmo item custará, em média, R$ 105,53 em abril de 2025 Investidor10. Logo, o orçamento familiar sofre pressão, pois é necessário destinar uma fatia maior da renda para as mesmas despesas.

2. Encarecimento dos itens do dia a dia

Alimentos, transporte, remédios e contas domésticas, que já representam uma parcela significativa na cesta básica, sofrem reajustes periódicos. Basta observar que, conforme o IPCA avançou 5,53% nos últimos 12 meses até abril de 2025, itens essenciais como arroz, feijão e combustível aumentaram mais do que a média geral dos preços IBGEexatusimoveis.com.

3. Redução do retorno real dos investimentos

Investimentos que rendem abaixo da inflação “perdem” dinheiro em termos reais. Por exemplo, se você deixa R$ 10.000 na poupança e obtém 6% de rendimento em 12 meses, mas a inflação acumulada foi de 5,53%, seu ganho real será de apenas 0,47%. Já títulos atrelados ao IPCA (como o Tesouro IPCA+) remuneram acima da inflação, preservando o poder de compra do capital.

4. Aumento dos juros (Selic) para conter a inflação

Para controlar a alta de preços, o Banco Central eleva a taxa Selic. Em maio de 2025, a Selic chegou a 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos ReutersBlog PagBank. Com isso, empréstimos e financiamentos (como crédito pessoal e consignado) ficam mais caros, reduzindo o consumo e o investimento das famílias e empresas.

5. Impacto sobre o financiamento imobiliário e de veículos

Taxas de juros mais elevadas encarecem parcelas de financiamentos de longo prazo. Uma casa que, antes, podia ser financiada a 7% ao ano, passa a ser ofertada a taxas acima de 12%. Isso afeta diretamente quem planejava comprar imóvel ou carro, forçando o adiamento da decisão ou a busca por prazos mais longos (e, portanto, custos totais maiores em juros).

Dados atuais do IPCA e projeções para 2025

  • IPCA de abril/2025: 0,43% no mês IBGEInvestidor10.

  • IPCA acumulado em 12 meses (maio/2024 a abril/2025): 5,53% IBGEInvestidor10.

  • IPCA acumulado no ano de 2025 (até abril): 2,48% Investidor10.

  • Prévia do IPCA-15 em maio/2025: 0,36% (IPCA-15, que serve de termômetro para o IPCA oficial, acumula 2,80% em 2025) Agência Brasil.

Especialistas do mercado financeiro projetam que, se a inflação continuar nessa trajetória, o IPCA pode fechar 2025 em torno de 6% a 6,5%, acima do centro da meta (3% ± 1 ponto percentual) estabelecida pelo Banco Central. Essas projeções ainda podem variar conforme choques de oferta (como alta do dólar ou seca que eleve preços agrícolas) ou novas medidas de ajuste fiscal/governamental.

Dicas para proteger sua renda da inflação

  1. Prefira investimentos indexados ao IPCA

    • Tesouro IPCA+: Títulos públicos que pagam uma taxa fixa acrescida da variação do IPCA. Garante ganho real, independentemente da alta de preços.

    • CDBs e LCs atrelados ao IPCA: Similar ao Tesouro IPCA+, porém oferecidos por bancos privados. Atenção ao rating da instituição.

  2. Diversifique a carteira

    • Inclua ativos que tendem a se valorizar em cenários inflacionários, como Fundos Imobiliários (FIIs) e ações de empresas exportadoras (diversificam geograficamente o risco de preço).

    • Avalie criptomoedas com cautela: apesar de serem vistas como “proteção” em alguns cenários, apresentam alta volatilidade.

  3. Revisite o orçamento mensalmente

    • Ao perceber que contas fixas (como supermercado e energia) estão procurando um percentual maior do seu salário, ajuste gastos supérfluos imediatamente.

    • Negocie planos de assinatura, tarifas bancárias e serviços domésticos para evitar reajustes automáticos.

  4. Reduza dívidas de juros flutuantes

    • Priorize pagar especial e rotativo do cartão, que têm juros médios acima de 300% ao ano. Em cenário de Selic em 14,75% ao ano, essas dívidas tornam-se insustentáveis.

    • Considere portabilidade de crédito: transferir dívida de cartão ou cheque especial para um empréstimo pessoal com taxas mais baixas, de preferência atreladas ao CDI (que tende a seguir a Selic).

  5. Acompanhe indicadores e notícias econômicas

    • Consulte mensalmente o boletim do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), relatórios do Banco Central e projeções do Boletim Focus para entender tendências de curto e médio prazo.

    • Fique atento ao calendário do COPOM (Comitê de Política Monetária do BC), que define a Selic a cada 45 dias e impacta diretamente o custo do dinheiro.

Conclusão

A inflação é um fenômeno cotidiano que incide diretamente sobre o poder de compra dos brasileiros. Com o IPCA acumulado em 12 meses chegando a 5,53% até abril de 2025, fica clara a importância de compreender suas causas e efeitos no orçamento. Elevar a Selic para 14,75% ao ano foi uma medida adotada pelo Banco Central para conter essa alta de preços Reuters, mas também significa juros mais caros para quem depende de crédito.

Para não ser surpreendido, é fundamental adotar uma estratégia de proteção: investir em ativos indexados ao IPCA, revisar o orçamento regularmente, reduzir dívidas de alto custo e acompanhar indicadores econômicos. Assim, mesmo em um cenário de inflação elevada, você preserva o valor do seu dinheiro e evita que o “aumento invisível” dos preços comprometa seus sonhos e objetivos financeiros.