Custo Zero? Aumento de Deputados na Câmara Pode Custar R$130 Milhões ao Contribuinte Exportar Criar

Análise aprofundada: Descubra como o aumento de 18 deputados, vendido como 'custo zero', pode impactar o orçamento em mais de R$ 130 milhões anuais. Entenda os custos ocultos, o efeito cascata nos estados e o que isso significa para o contribuinte brasileiro. Saiba mais sobre o verdadeiro preço da nova configuração do Congresso Nacional.

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Carlos Eugenio

6/26/20253 min ler

Senador Davi Alcolumbre presidente do Senado federal
Senador Davi Alcolumbre presidente do Senado federal

Custo Zero? Aumento de Deputados na Câmara Pode Custar R$130 Milhões ao Contribuinte

Em uma decisão que gerou intenso debate sobre a responsabilidade fiscal no Brasil, o Congresso Nacional aprovou um projeto que eleva o número de deputados federais de 513 para 531, criando 18 novas vagas a partir de 2026. A justificativa oficial é a readequação da representação dos estados com base no Censo de 2022. A grande polêmica, no entanto, reside na promessa de que a medida virá a "custo zero" para os cofres públicos. Mas será que essa "mágica" orçamentária é real? Uma análise aprofundada revela que o

impacto financeiro pode ultrapassar os R$ 130 milhões anuais, um custo que recairá diretamente sobre o contribuinte.

A "Trava de Gastos": O Que Diz a Lei e Onde Estão as Brechas?

Para viabilizar a aprovação, foi incluído no texto um dispositivo que proíbe o aumento de despesas com a criação das novas cadeiras para a legislatura de 2027 a 2030. Em tese, a Câmara dos Deputados deverá absorver os novos

custos parlamentares com o orçamento já existente.

Contudo, a própria lei abre uma brecha significativa: ela permite a "atualização monetária" anual desses valores. Essa cláusula pode funcionar como um mecanismo para contornar a trava, permitindo que os

gastos públicos cresçam ao longo do tempo sob o disfarce de correção inflacionária, mascarando o verdadeiro impacto no orçamento da União.

Quanto Custa um Deputado? A Estrutura Completa de Gastos

Para entender o real impacto financeiro, é fundamental dissecar a estrutura de custos que acompanha cada parlamentar. Essa estrutura vai muito além do salário e inclui uma série de benefícios e verbas para o exercício do mandato:

  • Salário (Subsídio Mensal): Cada deputado federal recebe um subsídio mensal de R$ 46.366,00.

  • Verba de Gabinete: Para a contratação de até 25 secretários parlamentares, cada gabinete dispõe de uma verba mensal de até R$ 133.170,54.

  • Auxílio-Moradia: Parlamentares que não ocupam imóveis funcionais da Câmara têm direito a um auxílio de R$ 4.253,00 por mês.

  • Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP): O famoso "cotão", que custeia despesas como passagens aéreas, aluguel de escritórios, combustível e divulgação da atividade parlamentar.

CEAP ("Cotão"): O Custo de R$ 10 Milhões Apenas com a Cota Parlamentar

A Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) é um dos principais focos de despesa. Em 2023, os gastos com o "cotão" atingiram o recorde de R$ 246,8 milhões. Apenas para os 18 novos deputados, o custo anual estimado com essa cota ultrapassa os R$ 10 milhões, como detalhado na tabela abaixo.

É crucial lembrar que a categoria de "Divulgação da Atividade Parlamentar" consome quase 40% de toda a CEAP, uma rubrica frequentemente criticada pela dificuldade de fiscalização e pelo risco de ser usada para autopromoção com dinheiro público.

O Efeito Cascata: Como o Aumento de Deputados Federais Impacta os Estados

O impacto financeiro não se restringe a Brasília. A Constituição Federal determina que o número de deputados estaduais é proporcional à bancada federal de cada estado. Assim, o aumento de deputados federais força, automaticamente, um aumento no número de deputados nas assembleias legislativas dos nove estados beneficiados.

Durante os debates no Senado, estimou-se que esse "efeito cascata" poderia gerar um custo adicional de R$ 85 milhões por ano para os estados. Este é um valor que não está coberto pela "trava de gastos" da Câmara e que será pago diretamente pelos contribuintes locais.

A Conta Final: O Custo Real para o Contribuinte e a Fiscalização Necessária

Ao somar os custos, a promessa do custo zero se desfaz. A despesa anual potencial para as 18 novas vagas federais se aproxima de R$ 49 milhões, considerando apenas salários, o teto da verba de gabinete e a CEAP. Se adicionarmos o custo indireto do efeito cascata nas assembleias estaduais, a conta total pode ultrapassar os R$ 134 milhões por ano.

A "trava de gastos" parece ser mais uma manobra contábil do que uma solução real. Ela não elimina a despesa, apenas a esconde, exigindo cortes em outras áreas ou, mais provavelmente, sendo diluída ao longo do tempo pela cláusula de "atualização monetária".

Para o cidadão, a mensagem é clara: enquanto o discurso oficial fala em custo zero, a realidade dos números aponta para um aumento considerável de despesas. A transparência e a fiscalização atenta sobre como esses novos custos serão absorvidos e justificados serão mais cruciais do que nunca.